quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Saudades de um vazio

A surpresa me vem quando todo o resto hesita em surgir.
Lembro seu nome e espero pelo seu efeito, seus sorrisos e minhas dores no peito, mas aí que percebo que após tanto tempo seu poderoso feitiço começa a falhar.
Ao invés das memórias que sempre me surgem, ou de suas fotos que após tantas vezes vistas hoje parecem emolduradas nas paredes de minha consciência, sinto apenas uma lembrança de um nome como um outro qualquer.
A inicio me espanto, após tanto tempo de explosões de memórias vindas de simples menções de seu nome, a idéia de lembrá-la sem ser bombardeado por emoções, já tão presentes em meu dia- a-dia, parece simplesmente ridícula.
Mas após isso começo a apreciar, pouco a pouco vou tentando lembrar com mais atenção seu sorriso, seus cabelos ou seu corpo, desfrutando de cada momento em que a relembro sem ter que fechar os olhos e sentir um aperto no peito.
Com cuidado vou revendo nosso começo, lembrando de nossa história, e amargurando nosso final, mas tudo isso junto de um vazio como se ambos fossemos apenas personagens de um péssimo romance visto ou criado por mim durante esse ultimo ano.
Me apaixono por esse vazio e, assim como parece que ocorre com todas as outras vitmas desse mesmo sentimento, ele desaparece. Tudo parece começar a voltar ao seu normal e aí novamente a esqueço para evitar assim a dor que sei que segue a sua memória.
Por fim tento ao menos descobrir de que modo pude conquistar tal vazio mesmo que por momentos tão breves, e aí percebo que, ao contrário de certas pessoas, para senti-lo basta apenas que eu aprecie de modo correto todas as estrelas desse imenso universo.


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Mostre oque sente e esqueça toda essa razão.

Chega um momento em que você não sabe mas oque escrever. Não que seus versos tenham acabado ou sua inspiração se esgotado. Muito menos que suas musas já não existam ou seus ideais tenham morrido.
Não, nada disso.
Simplesmente você se senta em sua cadeira diante de um teclado, ou deita embaixo das nuvens e das estrelas sobre uma folha em branco, e nada vem a sua mente.
Todas suas paixões parecem se esconder, seus medos desaparecer e seus desejos tornam-se tão ínfimos que nem sequer se dão ao trabalho serem ouvidos.
Mesmo após dias sofrendo em remoendo-os em silêncio, revisando seus defeitos e vangloriando suas vantagens, na hora se mostrarem ao mundo de cara limpa a peito aberto, somem como muleques bagunceiros após quebrarem a janela de um vizinho rabugento que mais parece ter saido do pior de seus pesadelos.
Até que finalmente algo se rebela e aceita ser levado para fora de sua mente e ser transformado em uma mistura de letras e palavras e assim ser levada ao mundo!
Mas aí bate a temível razão e tenta torna-lo novamente indecifrável para que não seja mal interpretado devido ao momento ou situação que é escrito.
Quantos protestos escritos deixei de exibir apenas pelo fato de não protestarem por coisa alguma?
Quantas cartas deixei de enviar apenas pelo motivo de serem poderem ser recebidas mas não entendidas?
Quantos versos de amor deixei de escrever apenas pelo fato de minha musa inspiradora não ser minha atual companheira?
Pelo meu quarto se encontram paginas e paginas de textos pela metade, e poemas amassados.
Em minha casa cadernos e mais cadernos de desenhos rabiscados e musicas rasgadas.
Mas quando chega esse momento, meu amigo, não se deve desistir ou forçar idéias apenas para encaixalas em um contexto.
Esqueça as pessoas e tampe ouvidos aos comentários, ignore os olhares e não se importe com as reações.
Mostre oque sente e esqueça toda essa razão.